Alguém freará as mortes?

Santa Maria chega a 25 assassinatos, e autoridades apontam as mesmas soluções de sempre

Lizie Antonello e Luiz Valério Selles

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O segundo duplo assassinato do ano em Santa Maria, ocorrido na noite de terça-feira, fez a cidade atingir a triste e assustadora marca de 25 mortes violentas. O índice foi alcançado apenas um dia depois do fim primeiro trimestre e representa quase o dobro do que foi registrado no mesmo período do ano passado. No primeiro trimestre de 2013, ocorreram 14 homicídios no município. A marca de 2014 é bem próxima da quantidade registrada em Caxias do Sul, um dos municípios mais violentos do Estado, que já tem 30 assassinatos nestes primeiros três meses de 2014.

Com os dois assassinatos de terça-feira, Santa Maria já registra quatro latrocínios (roubos com morte) em 2014. Em todo 2013, também foram registrados quatro crimes do tipo na cidade. Enquanto a população se preocupa com a violência, autoridades apresentam as mesmas soluções teóricas de sempre e muito pouco se vê de novas iniciativas práticas para resolver o problema.

Apesar de ter ocorrido pouco antes da meia-noite de terça, o crime cometido na região oeste de Santa Maria só foi descoberto cerca de sete horas depois, quando o servidor municipal João Vilnei Teixeira da Silva, marido da proprietária de uma casa de prostituição na Vila Jockey Club, chegou ao local para buscá-la.
- Cheguei de manhã e deparei com aquela cena. Ali, é um local de trabalho. Fui buscá-la, como fazia habitualmente há mais de cinco anos - contou João Vilnei.

Ao entrar na casa, ele encontrou o corpo da mulher, Maria Cecília Gabbi, 46 anos, caído no chão na sala, e do caseiro do estabelecimento, José Henrique da Silva, 47, no chão do corredor. Ambos já estavam mortos. O marido chamou a Brigada Militar, que isolou a área. Polícia Civil e perícia fizeram o levantamento do local. Além da duas mortes, uma jovem estava desaparecida, o que deixava o caso ainda mais misterioso.

Um morador das redondezas, que preferiu não ser identificado, ouviu disparos, mas não saiu para ver o que era:
- Eu estava em casa e ouvi dois disparos. O carro estava na rua, até pensei em sair e colocar pra dentro, mas preferi deixar e ver no outro dia.

E foi só depois das 8h que o crime começou a ser esclarecido, quando uma jovem foi encontrada e relatou o que havia acontecido. Segundo ela, dois homens foram ao local e fizeram programas com a jovem. Depois, um deles com um revólver ameaçou, roubou dinheiro e celulares e matou as vítimas. A dupla fugiu levando a jovem refém.

Para o delegado Carlos Alberto Dias Gonçalves, que conduz a investigação, o caso envolve latrocínio e estupro.
- Descartamos crime passional e estamos nos afastando da possibilidade de homicídio, porque um integrante da dupla tinha desavença com a proprietária do prostíbulo, mas não foi o que atirou. Além disso, segundo as testemunhas, o autor dos disparos pediu dinheiro e pegou celulares das vítimas - avalia o delegado.

No local do crime, foram recolhidas pela perícia bitucas de cigarro, digitais e pelo menos um preservativo. Os materiais serão encaminhados para exame de DNA. Análise dos projéteis encontrados nos corpos deverá apontar o calibre da arma utilizada pelo autor dos disparos. O suspeito já foi identificado pela Polícia Civil, mas nem ele, nem o comparsa foram localizados.
 
Vítimas devem ser sepultadas nesta quinta-feira

Maria Cecília será sepultada no Cemitério Jardim da Saudade, no bairro Caturrita. Ela era casada com João Vilnei há 15 anos. O casal tinha uma filha de 9 anos. Maria também era mãe de uma adolescent"

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